O Encontro de Educadores com Gaudêncio Frigotto, realizado no dia 13 de novembro, no CIEP Carlos Drummond de Andrade, reuniu algumas dezenas de educadores que tiveram o privilégio de ouvir uma explanação esclarecedora sobre as concepções mercantis das políticas de educação do Município e Estado do RJ, e suas consequências para o cotidiano do trabalho docente. Traçando uma linha histórica de como conceitos mercadológicos e empresariais foram sendo introduzidos nas políticas públicas, ligadas à Educação, ao longo do tempo, o prof. Gaudêncio Frigotto fez uma análise crítica de como esses conceitos foram ganhando espaço no ambiente escolar, à medida que os “projetos educacionais” de grandes fundações, instituições empresariais e economistas, financiados pelo dinheiro público, entram no cotidiano da escola, ditando o conteúdo a ser ensinado, o método a ser utilizado e a avaliação a ser realizada. Desta forma, professores e alunos deixam de ser sujeitos e agentes do processo de ensino e aprendizagem para se tornarem objetos e reféns do mesmo. Esta, segundo Gaudêncio Frigotto, é a pior consequência da mercantilização da Educação: Impedir o discurso próprio dos verdadeiros atores da ação educativa.
Logo após a palestra, houve um momento de debate, com perguntas feitas pelos educadores presentes, que souberam aproveitar a simplicidade e genialidade deste grande professor e pensador, a quem agradecemos pela generosidade de vir nos agraciar com suas preciosas reflexões. Não podemos deixar de agradecer, também, à direção do CIEP Carlos Drummond de Andrade e, em especial, à equipe da sala de leitura, que nos recebeu com um carinho e acolhimento singulares. Agradecemos, ainda, à professora Elizete Morião, pela disponibilidade de mediar este encontro. Por fim, agradecemos a todos os companheiros que participaram deste momento tão rico, que nos deu mais instrumentos para enfrentar a luta pela Escola Pública que queremos.
Só como exemplo da riqueza do encontro, vejam o texto levado pelo prof. Gaudêncio Frigotto...
A realidade é muito mais que os discursos que dela dizem.
Mas, de tanto ouvir, acabamos tomando-a pelos discursos.
Por outro lado, embora não sendo a realidade, os discursos a compõem, revelando-a, ocultando-a, orientando as ações que a conservam ou a transformam.
Portanto, importa fazer e importa dizer.
Mas quem foi que disse?
Não podemos continuar ditos apenas pelos outros.
É urgente que, de nós, digamos nós mesmos!
(Paulo Roberto de Souza Silva – Professor de escola de assentamento do MST, no Ceará.)