A aula inaugural da secretária Claudia Costin, em 2013, teve um tom
épico, com sua entrada em um grande palco totalmente escuro, onde apenas sua
figura era iluminada. Seu relatório técnico, baseado em índices e números, foi
afirmado como verdade absoluta, incontestável, de um pseudo sucesso que teria
sido construído apenas na sua gestão. As estratégias apresentadas para um
melhor posicionamento da rede municipal no ranking nacional foram os materiais
pedagógicos, de cunho tecnicista, com textos e explicações superficiais que
facilitam o treinamento dos alunos para as respostas das provas, e o
treinamento dos professores para o uso destes materiais. Ao mesmo tempo, a
personalidade em destaque, no palco, Claudia Costin coloca o fracasso como
sendo próprio do indivíduo – da necessidade de intensificar seu treinamento e
ter mais “garra”. Desqualificam-se os problemas estruturais e o contexto da
rede e atribui-se o sucesso à líder e o fracasso ao indivíduo. Essa idéia de
culto à personalidade máxima vem se expressando pelo autoritarismo e
arbitrariedade das ações que a SME impõe às CREs, às Unidades Escolares e de
Extensão e aos profissionais da Educação da rede.
Um exemplo claro da situação atual, absurda, da rede municipal de ensino
e da verdadeira superficialidade de suas metas é a compra de 20 mil unidades do
jogo “Banco Imobiliário – Cidade Olímpica”, por R$1 milhão, para ser
distribuído como MATERIAL DIDÁTICO nas escolas, e que, segundo o jornal O Dia
(21/02/2013), tem como conteúdo projetos de habitação, cultura, esporte, saúde
e transporte apenas da atual gestão. Como se deu esse processo de mau uso do
dinheiro público que pretende usar as escolas, seus profissionais e alunos como
instrumentos de campanha eleitoral? A prefeitura usou os trâmites legais para
se aliar a uma empresa conhecida no mercado e produzir um jogo que, na verdade,
é uma estratégia de propaganda do governo municipal e estadual? A sociedade
civil nacional e internacional já está manifestando sua indignação e questiona
o modo pelo qual se deu essa transação. Até quando permitiremos que atitudes
centralizadas e descabidas como essa continuem acontecendo na rede municipal? É
a total desmoralização e desconstrução da imagem da personalidade máxima, que
revela a verdade de seus objetivos mínimos. Se a comunidade acadêmica nacional
reprovou o que se faz com a educação no município do Rio, por que tudo continua
acontecendo, impunemente?
Nós, profissionais da educação, precisamos nos mobilizar contra os
desmandos arbitrários desta secretaria municipal, que abre as portas da rede à
iniciativa privada e às leis de mercado, trazendo práticas meritocráticas e
tecnicistas para mascarar uma qualidade, que vem da superficialidade dos
conteúdos curriculares e transforma processo de aprendizagem em treinamento.
Uma secretaria que desrespeita direitos históricos do serviço público e trata
os profissionais como operários cumpridores de tarefas, sem direito à voz. Uma
secretaria que se presta ao papel de ser uma peça estratégica de propaganda
eleitoreira, de forma tão acintosa.
Vamos todos à Assembleia da Rede Municipal, no dia 27/02, às 18h, na ABI, para organizarmos e planejarmos nossa luta!
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