Hoje consegui me desabilitar da disciplina de Inglês!!! Uhuu! Os alunos estão salvos da farsa que eu seria!!! Fiquei aliviada por conseguir resolver o meu problema e agradeço ao SEPE que me acolheu, me olhou nos olhos, me ouviu e me deu a mão no momento que eu precisei. Agradeço à Doroteia Frota e ao Sérgio, à Marta, ao Túlio, ao Marcello Da Silva Teixeira e ao meu grande amigo de adolescência Samuel Maia. Agradeço também a todos que me apoiaram e dividiram suas histórias também.
Mas toda essa história me colocou frente a frente comigo mesma. Fico pensando: até onde nos sujeitamos? Até onde vai nossa dignidade? O que nos faz dizer sim ou não para o diabo?
A funcionária que me atendeu ficou muito chateada pela exposição no face, mesmo sem ninguém saber quem ela seria. Ela tentava reverter o fato e íamos entrando numa quase discussão desnecessária para ambas... Tentei encerrar a conversa falando que não era pessoal (o que é verdade) e que ela só estava fazendo o que lhe era mandado (o que não é bom!).
“Fazer o que sistema pede” ficou martelando na minha cabeça. Fiquei pensando até que ponto eu também não faço o que o sistema pede e até que ponto eu tento justificar minha submissão para dormir tranquila? Há alguns anos que estou sem turma. Há alguns anos
que ir para o Estado é quase uma marcha fúnebre.
Sou professora do Município também, e é claro que mesmo em outra rede pública encontramos vários problemas para exercer nosso trabalho da melhor maneira e que todas as nossas revindicações e queixas são legitimas. Mas, ser professora do estado e exercer funções de todo tipo como uma tapa buraco também não é dizer sim ao diabo?
Todas essas situações vão minando crenças, sonhos, e o poder da imaginação de uma vida e um mundo melhor.
Quantas vezes me assustei com frases do tipo: “Pra quem não sabe nada, o arroz com feijão está bom”, “Vai levando, se o Estado não tá nem aí pra gente, porque é que a gente vai estar aí para o estado?”...
Estar em uma instituição de ensino sabendo que você pode dar mais, muito mais, e ao mesmo tempo a situação não te permite ou te tira as forças para lutar mais um pouco é muito desestimulante. Já fui de entregadora de livros a porteira no Estado, sendo concursada em educação artística. Quem me conhece sabe do meu envolvimento com o teatro e como eu amo o que faço. O quanto é gratificante poder apresentar as artes cênicas para quem nunca viu e tem mais dificuldade de acesso às artes diversificadas. Ver o crescimento e o desenvolvimento dos meus alunos é um grande prazer que tenho. Tudo isso me faz pensar mais uma vez em pedir exoneração, e penso mais uma vez em porque ainda estou no Estado aceitando isso?
Acho que o Estado é como uma relação abusiva. A parceira sempre acredita que o marido vai melhorar.
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