Todos lembram que as últimas semanas
da greve, nas duas redes, foram de um total impasse e imobilismo, pelo
fechamento dos canais de negociação, por parte dos dois governos, e aplicação
de punições respaldadas judicialmente, por mais absurdo que seja, pelo TJ-RJ.
Apesar dos inúmeros apoios que recebemos da sociedade civil organizada e da
população, de um modo geral, os governos estadual e municipal mantiveram sua
estratégia intransigente, apostando no desgaste do movimento e do próprio
sindicato, enquanto representante dos profissionais da Educação. Por diversas
vezes, os governos usaram a mídia para desqualificar o SEPE. A interferência do
STF foi o único fato novo, conseguido pelos advogados do sindicato, capaz de
tirar o movimento do impasse no qual se encontrava, impasse esse que não
favorecia a conquista de avanços e ainda punia, de forma severa, os
profissionais grevistas. A maioria da categoria entendeu que o acordo feito na
Audiência de Conciliação, promovida pelo STF, tirava o movimento do impasse e,
em Assembleias lotadas, decidiu por referendar o acordo e suspender a greve.
Se o acordo não atingiu todas as
expectativas criadas em relação à condução da conciliação pelo STF, o
importante, agora, é fazer cumprir aquilo que ele garante.
Enquanto discutimos moções de repúdio
à assinatura do acordo, que acabaram sendo aprovadas pelas assembléias
seguintes àquelas que o referendaram, além de corrermos o risco de passarmos
uma imagem, à sociedade, de falta de coerência nas decisões que tomamos, a luta
continua à revelia desse debate e ele, por si só, não contribui para uma melhor
condução do movimento.
Os governos se aproveitam da munição
oferecida pelas divergências internas entre grupos, dentro do sindicato, que
estão sendo discutidas e expostas, publicamente, nas redes sociais, para criar
situações que reforcem o desgaste da entidade e lhes permitam, a eles,
governos, dilatar os prazos de formação dos Grupos de Estudos, acordados na
Audiência de Conciliação. Foi assim na Rede Estadual, que convidou a UPPES para
estar presente na primeira audiência, que não aconteceu porque o SEPE se
recusou a participar dela, e na Rede Municipal, que convocou a presença de
diretores e representantes de responsáveis do CEC, para uma sessão de acusações
ao sindicato, orquestrada pela SME, que abriu um debate sobre o movimento
grevista que, embora os diretores do SEPE tenham sabido conduzi-lo e
contorná-lo, em nada contribuiu para a pauta real daquele encontro.
O fato é que, até o momento, os
Grupos de Estudos não começaram e a primeira reunião do Fórum de Valorização da
Carreira dos Profissionais da Educação foi marcada apenas para o início de
dezembro. Lembramos que esse Fórum é um espaço conquistado, na Audiência de
Conciliação, para renegociação das distorções do Plano de Carreira da
prefeitura.
É de extrema importância que todos os
profissionais, independente do grupo a que pertençam, dentro do sindicato, e
aqueles que não se sintam parte de grupo nenhum, percebam que as reais demandas
da luta estão ficando sem espaço suficiente de discussão, e estão sendo conduzidas
de uma maneira muito aquém do que poderiam, caso estivéssemos concentrando
nossa energia na continuidade da luta. As divergências são saudáveis e devem
continuar tendo garantido, como, historicamente, sempre tiveram, o seu espaço
de manifestação, que deve estar embutido na avaliação e planejamento das
estratégias do movimento. Temos que tomar cuidado para que o espaço de
manifestação das divergências não se torne um espaço à parte, desconectado das
discussões necessárias de cada momento do movimento, nem ganhe prioridade em
relação às demandas da luta. Ao contrário, acreditamos que a diferença de
opiniões deva contribuir para o melhor atendimento dessas demandas e é isso o
que a categoria espera de todas as lideranças do sindicato, independente de
serem diretores ou não, ou de pertencerem, há anos, aos grupos majoritários da
diretoria da entidade e, agora, de repente, assumirem uma atitude de oposição.
A responsabilidade de todos é, prioritariamente, com as demandas da categoria.
Não podemos permitir que a reabertura de negociações com os governos, que o
acordo no STF possibilitou, e que pode nos levar a conquistas que interessam a
todos os profissionais da Educação, seja comprometida por disputas internas,
que podem ser resolvidas, democraticamente, nos fóruns previstos pelo estatuto
da entidade.
Voltamos a dizer: O sentido de
pertencimento ao coletivo, que vai além das posições individuais ou de grupos,
é que tem dado força e capacidade à categoria de construir um movimento de luta
tão intenso e vigoroso como este, de 2013, com o qual
ensinamos e aprendemos tanto. Os ganhos e as perdas do movimento são os ganhos
e as perdas de toda a categoria... Estamos juntos neste barco e somos nós que
determinamos aonde ele vai chegar. Se não agirmos ao nosso favor, estaremos
agindo contra nós mesmos.