terça-feira, 19 de novembro de 2013

Para onde levamos a luta?

Todos lembram que as últimas semanas da greve, nas duas redes, foram de um total impasse e imobilismo, pelo fechamento dos canais de negociação, por parte dos dois governos, e aplicação de punições respaldadas judicialmente, por mais absurdo que seja, pelo TJ-RJ. Apesar dos inúmeros apoios que recebemos da sociedade civil organizada e da população, de um modo geral, os governos estadual e municipal mantiveram sua estratégia intransigente, apostando no desgaste do movimento e do próprio sindicato, enquanto representante dos profissionais da Educação. Por diversas vezes, os governos usaram a mídia para desqualificar o SEPE. A interferência do STF foi o único fato novo, conseguido pelos advogados do sindicato, capaz de tirar o movimento do impasse no qual se encontrava, impasse esse que não favorecia a conquista de avanços e ainda punia, de forma severa, os profissionais grevistas. A maioria da categoria entendeu que o acordo feito na Audiência de Conciliação, promovida pelo STF, tirava o movimento do impasse e, em Assembleias lotadas, decidiu por referendar o acordo e suspender a greve.

Se o acordo não atingiu todas as expectativas criadas em relação à condução da conciliação pelo STF, o importante, agora, é fazer cumprir aquilo que ele garante.
Enquanto discutimos moções de repúdio à assinatura do acordo, que acabaram sendo aprovadas pelas assembléias seguintes àquelas que o referendaram, além de corrermos o risco de passarmos uma imagem, à sociedade, de falta de coerência nas decisões que tomamos, a luta continua à revelia desse debate e ele, por si só, não contribui para uma melhor condução do movimento.

Os governos se aproveitam da munição oferecida pelas divergências internas entre grupos, dentro do sindicato, que estão sendo discutidas e expostas, publicamente, nas redes sociais, para criar situações que reforcem o desgaste da entidade e lhes permitam, a eles, governos, dilatar os prazos de formação dos Grupos de Estudos, acordados na Audiência de Conciliação. Foi assim na Rede Estadual, que convidou a UPPES para estar presente na primeira audiência, que não aconteceu porque o SEPE se recusou a participar dela, e na Rede Municipal, que convocou a presença de diretores e representantes de responsáveis do CEC, para uma sessão de acusações ao sindicato, orquestrada pela SME, que abriu um debate sobre o movimento grevista que, embora os diretores do SEPE tenham sabido conduzi-lo e contorná-lo, em nada contribuiu para a pauta real daquele encontro.


O fato é que, até o momento, os Grupos de Estudos não começaram e a primeira reunião do Fórum de Valorização da Carreira dos Profissionais da Educação foi marcada apenas para o início de dezembro. Lembramos que esse Fórum é um espaço conquistado, na Audiência de Conciliação, para renegociação das distorções do Plano de Carreira da prefeitura.


É de extrema importância que todos os profissionais, independente do grupo a que pertençam, dentro do sindicato, e aqueles que não se sintam parte de grupo nenhum, percebam que as reais demandas da luta estão ficando sem espaço suficiente de discussão, e estão sendo conduzidas de uma maneira muito aquém do que poderiam, caso estivéssemos concentrando nossa energia na continuidade da luta. As divergências são saudáveis e devem continuar tendo garantido, como, historicamente, sempre tiveram, o seu espaço de manifestação, que deve estar embutido na avaliação e planejamento das estratégias do movimento. Temos que tomar cuidado para que o espaço de manifestação das divergências não se torne um espaço à parte, desconectado das discussões necessárias de cada momento do movimento, nem ganhe prioridade em relação às demandas da luta. Ao contrário, acreditamos que a diferença de opiniões deva contribuir para o melhor atendimento dessas demandas e é isso o que a categoria espera de todas as lideranças do sindicato, independente de serem diretores ou não, ou de pertencerem, há anos, aos grupos majoritários da diretoria da entidade e, agora, de repente, assumirem uma atitude de oposição. A responsabilidade de todos é, prioritariamente, com as demandas da categoria. Não podemos permitir que a reabertura de negociações com os governos, que o acordo no STF possibilitou, e que pode nos levar a conquistas que interessam a todos os profissionais da Educação, seja comprometida por disputas internas, que podem ser resolvidas, democraticamente, nos fóruns previstos pelo estatuto da entidade.


Voltamos a dizer: O sentido de pertencimento ao coletivo, que vai além das posições individuais ou de grupos, é que tem dado força e capacidade à categoria de construir um movimento de luta tão intenso e vigoroso como este, de 2013, com o qual ensinamos e aprendemos tanto. Os ganhos e as perdas do movimento são os ganhos e as perdas de toda a categoria... Estamos juntos neste barco e somos nós que determinamos aonde ele vai chegar. Se não agirmos ao nosso favor, estaremos agindo contra nós mesmos.

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