Nós, professores e professoras desta escola, estamos escrevendo esta carta para conversar com você responsável e com você aluno(a) sobre o que nos atinge a todos e todas: o sonho da educação de qualidade que nos está sendo roubado. Temos visto as condições de nossa escola que no princípio nos causava indignação e que depois de um tempo vai-se acostumando até se tornar natural. E isso não é bom. Não podemos tratar a falta de estrutura da escola como uma coisa natural: banheiros, portas e janelas quebrados e sem manutenção(entre outras coisas), ratos e mosquitos com focos distribuídos pela escola toda, enfim, um conjunto de coisas que destroem a imagem da escola e a faz parecer um depósito de gente e não um espaço de desenvolvimento humano. Por que é assim, e por que temos que aceitar tudo isso? Pagamos nossos impostos e além disso temos o direito subjetivo a uma educação decente. Perguntamos: o que é decente para o governo não pode ser para o trabalhador também? Será que os filhos dos governantes estudam em escola pública? Não há verba para dar uma educação de qualidade para os filhos dos trabalhadores. Não há verba para pagar um salário decente e formação para os professores. Mas há 30 milhões disponíveis da verba pública para realizar a festa pelo sorteio dos grupos das eliminatórias da Copa do mundo das olimpíadas de 2014 na Marina da Glória, a linda festa realizada no dia 30/07/2010. E o que nós, professores, estamos cobrando do Estado são míseros 190 reais! E isto ainda não é o necessário para um professor viver decentemente, pois significa um pouco mais de 900 reais de salário. Nós, professores, estamos sendo massacrados por um Plano de Metas do governo Cabral que exige um currículo mínimo, que são os conteúdos que temos que trabalhar com nossos alunos, pois há critérios que escapam do controle do professor: se esse aluno sair da escola ou se uma aluna ou professora ficar grávida a escola sofre diminuição da verba a ela destinada pelo critério da meritocracia que o Estado quer impor. E para que um currículo mínimo? Para aplicar o provão chamado Saerjinho elaborado nos modelos internacionais, como mecanismo de avaliação do emprego da verba da educação... que não chega! Cadê esse dinheiro para melhorias na educação? Além disso esse provão avalia apenas o governo estadual sem considerar os problemas de ensino muito anteriores que são provenientes da educação municipal. Nós professores estamos em greve. E mesmo assim nesta escola foi feito um Conselho de Classe e lançamento de notas sem muitos professores presentes. Queremos denunciar também que fazer o lançamento de notas pelo sistema virtual chamado conexão-educação, além de ser ineficaz, tem manipulado notas falsas para turmas que estiveram sem professor. Nós nos recusamos a fazer uso deste sistema por considerar que isso é tarefa administrativa já que cabe ao professor manter notas nos diários de classe. Não estamos sendo pagos por horas adicionais por este trabalho duplo. Convocamos todos os responsáveis e alunos, todos os professores e funcionários, a fazer parte dessa luta conosco: por uma educação de qualidade e uma escola que desenvolva o ser humano e que trate a todos nós com respeito! Assinam os professores em greve no CAIC |
sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Carta aos Pais ou Responsáveis e alunos do CAIC Euclydes da Cunha
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Esta carta foi fruto de uma reunião no CAIC em 29/7 onde foram levantados os pontos que todos achavam que esta deveria conter. Foi apenas redigida por mim, portanto foi escrita pelo grupo.Estou no CAIC a partir deste ano e posso dizer que qq pressão de direção fica insignificante quando os professores são conscientizados, melhor ainda, quando se reunem como grevistas. Pena ainda não sermos a maioria, alguns cedem às pressões outros nem pressão sofrem e fingem que sofrem e outros são pelegos mesmo, mas temos a certeza que estamos fazendo a diferença. Queremos mais que salário, queremos uma educação de qualidade e esperamos que essa luta atravesse essa greve.
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