segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Repúdio à fiscalização de desempenho de professores pela SEEDUC


O governo do Estado vai monitorar o desempenho de professores de cerca de 100 escolas, a partir de novembro. Segundo notícia do jornal O Globo (18/10), trata-se de um projeto-piloto de um programa implantado pelo Banco Mundial que fornecerá um mapa à SEEDUC sobre onde estão os “melhores” profissionais para futuros programas de bonificação. Para isso, serão TREINADOS coordenadores pedagógicos que, pasmem, ficarão no fundo das salas de aula, observando e fazendo anotações, numa atitude ostensiva de fiscalização.
O que estes supervisores, depois de TREINADOS, considerarão positivo ou negativo? Em que base de critérios estas avaliações serão feitas? Com um discurso aberta e assumidamente empresarial, a economista-chefe do Banco Mundial para a Educação na América Latina e Caribe, chama a escola de “INDÚSTRIA” e os professores de “OPERÁRIOS”. Desta forma, é fácil imaginar que o papel destes fiscais “supervisores” será o de garantir que sejam premiadas as práticas que atenderem, servilmente, à proposta tecnicista do governo que trata a Educação como uma mercadoria a ser distribuída, de uma forma centralizada e autoritária, para se sedimentar a sociedade desigual.
Estamos vivendo um momento onde a formação pedagógica é completamente desqualificada pelos governos, já que colocam, cada vez mais, economistas em postos de comando para GERENCIAR E AVALIAR a Educação. É como se a Economia fosse a maior de todas as ciências e os economistas possuíssem uma competência acima do comum, que lhes possibilitasse administrar todos os setores da sociedade. Mas a Economia deve servir à sociedade ou a sociedade é que deve servir à Economia?
É impressionante como os governos se negam a ver, nos profissionais da Educação, aqueles que podem, efetivamente, avaliar a realidade dos sistemas educacionais e o que precisa ser mudado, já que vivem o cotidiano dos problemas que comprometem o ensino de qualidade. A transformação real da Escola só é possível de dentro para fora. É, justamente, a valorização da opinião de quem vive as dificuldades, que se constituíram governo após governo, que contribuiria para a construção de políticas que focassem nas questões que realmente poderiam interferir na realidade do ensino público.
Está claro que a opção por avaliações e soluções de fora, dadas por economistas, denuncia o real objetivo dessas iniciativas: Considerar a Educação como mais uma mercadoria, produzida de forma a favorecer os interesses das empresas e do mercado, inclusive internacional. Os filhos dos trabalhadores terão, cada vez mais, uma Escola Pública pensada especificamente para eles, para que permaneçam na condição de massa de manobra, TREINADA, e não formada, com o objetivo de inseri-los na sociedade, e não de transformá-la.
Todo nosso repúdio às medidas que pretendem retirar dos profissionais da Educação e das comunidades escolares sua condição de sujeitos e agentes da história. A cidadania não pode ser, dentro da Escola, apenas uma ideia, e que é negada como prática!

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