O governo do Estado vai monitorar o desempenho de professores de cerca
de 100 escolas, a partir de novembro. Segundo notícia do jornal O Globo
(18/10), trata-se de um projeto-piloto de um programa implantado pelo Banco
Mundial que fornecerá um mapa à SEEDUC sobre onde estão os “melhores”
profissionais para futuros programas de bonificação. Para isso, serão TREINADOS
coordenadores pedagógicos que, pasmem, ficarão no fundo das salas de aula,
observando e fazendo anotações, numa atitude ostensiva de fiscalização.
O que estes supervisores, depois de TREINADOS, considerarão positivo ou
negativo? Em que base de critérios estas avaliações serão feitas? Com um
discurso aberta e assumidamente empresarial, a economista-chefe do Banco
Mundial para a Educação na América Latina e Caribe, chama a escola de
“INDÚSTRIA” e os professores de “OPERÁRIOS”. Desta forma, é fácil imaginar que
o papel destes fiscais “supervisores” será o de garantir que sejam premiadas as
práticas que atenderem, servilmente, à proposta tecnicista do governo que trata
a Educação como uma mercadoria a ser distribuída, de uma forma centralizada e
autoritária, para se sedimentar a sociedade desigual.
Estamos vivendo um momento onde a formação pedagógica é completamente
desqualificada pelos governos, já que colocam, cada vez mais, economistas em
postos de comando para GERENCIAR E AVALIAR a Educação. É como se a
Economia fosse a maior de todas as ciências e os economistas possuíssem uma
competência acima do comum, que lhes possibilitasse administrar todos os
setores da sociedade. Mas a Economia deve servir à sociedade ou a sociedade é
que deve servir à Economia?
É impressionante como os governos se negam a ver, nos profissionais da
Educação, aqueles que podem, efetivamente, avaliar a realidade dos sistemas
educacionais e o que precisa ser mudado, já que vivem o cotidiano dos problemas
que comprometem o ensino de qualidade. A transformação real da Escola só é
possível de dentro para fora. É, justamente, a valorização da opinião de quem
vive as dificuldades, que se constituíram governo após governo, que
contribuiria para a construção de políticas que focassem nas questões que
realmente poderiam interferir na realidade do ensino público.
Está claro que a opção por avaliações e soluções de fora, dadas por
economistas, denuncia o real objetivo dessas iniciativas: Considerar a Educação
como mais uma mercadoria, produzida de forma a favorecer os interesses das
empresas e do mercado, inclusive internacional. Os filhos dos trabalhadores
terão, cada vez mais, uma Escola Pública pensada especificamente para eles,
para que permaneçam na condição de massa de manobra, TREINADA, e não formada,
com o objetivo de inseri-los na sociedade, e não de transformá-la.
Todo nosso repúdio às medidas que pretendem retirar dos profissionais da
Educação e das comunidades escolares sua condição de sujeitos e agentes da
história. A cidadania não pode ser, dentro da Escola, apenas uma ideia, e que é
negada como prática!
Nenhum comentário:
Postar um comentário