quinta-feira, 15 de agosto de 2013

CARTA ABERTA AOS PROFESSORES DAS UNIDADES DE EXTENSÃO E À SOCIEDADE


Nós brasileiros de todas as regiões, nos últimos meses, nos fortalecemos como cidadãos capazes de atuar, social e politicamente, influenciando nas decisões em prol dos interesses públicos e populares, contra a alienação e a inércia, que favorecem o autoritarismo e a corrupção.
Como professores de Unidades de Extensão, do Programa Extensividade/SME-RIO, também estamos atentos a este momento histórico e, particularmente, aos encaminhamentos do atual movimento da categoria, em nossa cidade e estado. Sendo assim, julgamos importante considerar os encaminhamentos apontados no SEPE (em 08/08/2013), e acreditamos que os segmentos representados por pais, responsáveis e alunos também devam fazê-lo, por serem partes integrantes neste contexto.
Entendemos que os empreendimentos educativos em nosso município não são exclusivos dos espaços, tradicionalmente, regulados pelo ensino fundamental, eles se encontram igualmente presentes naqueles segmentos que compõem todo o sistema educacional municipal.
Sendo assim, as unidades de extensão, voltadas à arte-educação e à educação desportiva contribuem significativamente para o desenvolvimento cognitivo, emocional e corporal de nossos alunos e alunas. Como áreas de conhecimentos sistematizados, constituem lugares de construção de conhecimentos racionais, sensíveis e simbólicos; confluem para o processo de refinamento do senso ético e estético; motiva descobertas e aprendizagens conforme interesses próprios; de seus grupos, dos conhecimentos universalmente organizados; promove valores pessoais, em modos de cooperação e de sustentabilidade ao meio ambiente. Estes espaços educacionais constituem um marco histórico na Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro.
Nosso trabalho tem por meta produzir uma educação inclusiva, de qualidade e voltada à formação emancipatória dos alunos. Lembrando o Mestre Paulo Freire, (2000), “A necessária promoção da ingenuidade à criticidade não pode ou não deve ser feita à distância de uma rigorosa formação ética e estética.“ Indo mais adiante, Freire pontua:
“Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é proporcionar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor e ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar.” (IDEM, p. 46.)
Próximos a completar duas décadas de atuações, as unidade de extensão constroem sua história na Educação do município, compartilhando dos desafios de promover uma educação de qualidade e inclusiva, com trabalho fundamentado em pesquisa  no ensino da arte e do desporto; apontando possíveis caminhos para organização do currículo, com inovação, práticas criativas, sérias e comprometidas, ainda que em condições adversas. Neste governo, as unidades de extensão têm vivido ataques sucessivos, inclusive a extinção total dos PET (unidades voltadas à Educação pelo Trabalho), no final do ano de 2012 e ameaças reiteradas de que os Núcleos de Arte e Clubes Escolares também serão extintos.
A situação funcional dos Clubes Escolares e Núcleos de Arte possui semelhanças e especificidades, que complementam o processo educacional das unidades da rede municipal de ensino. Sobre as semelhanças podemos citar: a observância ao calendário letivo, aos turnos e horários; gestão das verbas por SDP; planejamento didático através de Projeto Político Pedagógico e encontros de centro de estudos. Sobre as especificidades, citamos a situação funcional do Chefe 1 e Auxiliar de Chefe 1, cargo onde o exercício de Regência não é reconhecido (embora exista jurisprudência de correção dessa distorção às mesmas funções realizadas pelo Diretor de escolas e creches municipais, para fins de aposentadoria); professores sem origem, na unidade de extensão, apenas com Requisição e Dupla Regência; turmas multisseriadas e trabalho em sistema de oficinas (referência à metodologia prática-teoria-prática). Os processos do ensinar e aprender observam essas questões, entre outras, a fim de intercambiar e contribuir com aqueles realizados na escola do ensino fundamental da rede municipal, enriquecendo os conhecimentos do currículo básico.
Este posicionamento pretende colaborar com os rumos gerais, pretendidos por nossa categoria profissional, neste momento de greve e reivindicações, por serem notórias as razões que levam o conjunto dos professores a se mobilizar por salários dignos, plano de carreira unificado e melhores condições de trabalhos. As unidades de extensão, do Programa de Extensividade/SME-RIO, se reconhecem neste propósito e no valor da participação cidadã, voltada aos interesses das políticas públicas populares, que define o atual movimento de greve, cuja pauta reivindicatória busca conquistar mais respeito e valorização ao trabalho realizado por nossa categoria:

1.REAJUSTE DE 19%;
2.PLANO DE CARREIRA UNIFICADO;
3.1/3 DA CARGA HORÁRIA PARA PLANEJAMENTO;
4.FIM DA MERITOCRACIA;
5.GESTÃO DA SME POR SERVIDOR(A) DE CARREIRA, DEVIDAMENTE CAPACITADO(A) PARA ATUAR SOBRE OS DESAFIOS PRESENTES EM TODAS AS UNIDADES ESCOLARES E PROGRAMAS EDUCACIONAIS DO MUNÍCIPIO DO RIO DE JANEIRO;
6.POR UM GOVERNO MUNICIPAL DEMOCRÁTICO, POPULAR E PARTICIPATIVO.

Se em acordo, contamos com seu apoio e compartilhamento.
(Enviado por professores)

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