A prefeitura do Rio programou para este dia 17/8, depois de vários cancelamentos, a realização de um ato, denominado “Campanha contra a violência e pela paz”, iniciativa do secretário municipal de educação, César Benjamin, que será realizada em todas as CREs. Esta ação, pensada a partir da trágica morte da aluna Maria Eduarda, no interior de uma escola em Acari, alvejada por tiros que partiram de policiais em confronto com traficantes (caso que não pode ser considerado ‘isolado’, tampouco inesperado), por enquanto, traduz-se na forma de um ato público.
Não somos contrários à realização de atos e manifestações. Pelo contrário! Mas professores, agentes e funcionários não suportam mais esse cotidiano de violência e de condições precárias de trabalho. Todos os dias, milhares de alunos ficam sem aulas e profissionais sob risco por conta dos enfrentamentos de operações policiais mal planejadas. Estamos cansados de conviver com as notícias de ferimentos e mortes de membros da comunidade, estudantes e de nossos colegas de trabalho. Por isso, clamamos por medidas concretas, necessárias para enfrentar a gravíssima situação na qual a sociedade carioca encontra-se mergulhada.
O Sepe, diante de uma discussão fundamental para o desenvolvimento de uma educação de qualidade na cidade do Rio, propõe alguns caminhos para garantir um mínimo de segurança para as comunidades escolares, localizadas em áreas conflagradas, tornando-as, de fato, “lugares de paz” e aprendizado:
1 – a não realização de operações policiais em horário de funcionamento das escolas, conforme já foi apontado pelo sindicato, autoridades e estudiosos do tema. A sociedade espera que, tanto para os governos quanto para a corporação da Polícia Militar, a vida dos profissionais, crianças, jovens e responsáveis das comunidades escolares esteja em primeiro lugar.
2 – a construção de um diálogo mais horizontal e frequente do conjunto da SME e da prefeitura com as comunidades, com a categoria e com o sindicato na elaboração de ações contra essa situação de violência.
3 – o estabelecimento de uma relação mais efetiva entre as chefias das Secretarias de Educação e de Segurança, mais eficaz para a elaboração de estratégias diante dos números alarmantes dessa tragédia, há muito tempo anunciada e denunciada. As unidades escolares não podem ser as responsáveis pelo relacionamento com os diversos batalhões da PM da cidade.
4 – a construção, por parte da prefeitura, em conjunto com o SEPE e com as comunidades escolares, de um protocolo que autorize o não funcionamento das unidades que estão sob situação de confronto e de violência.
5 – formulação de alternativas que viabilizem o desenvolvimento de algumas atividades pedagógicas, em espaços fora das unidades escolares das áreas conflagradas, construídos pelas mesmas.
O Sepe está aberto ao diálogo para que possamos encontrar saídas para uma situação que cotidianamente põe em risco profissionais, comunidades, jovens e crianças, atingindo direitos básicos, duramente conquistados: o pleno direito de ir e vir e o de aprendizagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário