O cenário é de guerra. Uma guerra assumida, inclusive pela entrada das forças armadas para o combate à falta de segurança no estado do Rio de Janeiro. Um estado falido, sem comando político, totalmente à deriva, sem um plano estratégico para a sua recuperação econômica, com atrasos sucessivos de pagamentos, num processo de desmonte de toda a sua estrutura pública, incluindo saúde, cultura e educação. É nesse ambiente de caos que operações policiais, com o auxílio das forças armadas, transformam comunidades inteiras em campos de guerra, onde o matar e o morrer são parte de uma violência banalizada e naturalizada na justificativa da necessidade do combate ao tráfico de drogas, como garantia de segurança.
O Jacarezinho completa 10 dias seguidos de confrontos, com a presença de um aparato de mais de 6 mil pessoas das forças armadas, polícia militar, civil e rodoviária!!! Vários moradores foram feridos e sete foram mortos, ao longo desses dias. Todos tratados como estatísticas inevitáveis, tão comuns entre pobres e negros, considerados, muitas vezes, como cúmplices do tráfico apenas pelo fato de morarem onde moram, segundo o discurso oficial do senso comum.
Os alunos, sem aula, receberam a notícia de uma reunião entre a SME, sua equipe de assessores e diretores das escolas da região, com a presença do próprio prefeito, onde foi decidido que as escolas continuarão fazendo o que fizeram até o momento – fechar. Assumir oficialmente o fechamento das escolas por tempo indeterminado é admitir que as operações vão continuar a ferir e matar moradores. Denuncia a total falta de vontade política da prefeitura e do governo do estado em dar um fim a essas operações de guerra, que tiram dessas comunidades o direito de ir e vir, de usufruir das poucas ofertas de serviços públicos que possuem, como a educação, de serem tratados com um mínimo de dignidade e cidadania, de terem respeitados os seus locais de moradia e o seu direito à vida!
A Educação, que é a única referência de Estado de inserção e transformação da realidade das crianças que moram no Jacarezinho e demais áreas submetidas a esse cenário de guerra, está sendo negada a esses alunos pelos governos que insistem em tratar a complexidade do contexto vivido nessas comunidades apenas como caso de polícia. A situação das escolas da região deve ser discutida com todos os envolvidos, incluindo responsáveis, profissionais das unidades, sindicato, secretarias de segurança, além da SME e direções de escolas. A presença do Estado deve se expressar por políticas de saúde, transporte, cultura, saneamento básico, emprego, priorizando as crianças que são as principais prejudicadas em suas opções de futuro. A Regional VI repudia o tratamento diferenciado que se dá à população de baixa renda, nesse modelo de cidade excludente e partida que vivemos no Rio de Janeiro! Nossos alunos não querem morrer nem se sentir ameaçados por quem deveria estar lhes garantindo segurança! Nossos alunos têm direito à Educação como qualquer outra criança, independente do lugar onde more! Pelo fim da opção beligerante nas operações policiais! Pelo fim da negligência seletiva à vida humana!
Regional VI - SEPE (Jacarepaguá, Barra, Recreio e Vila Valqueire)
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