segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A greve acabou! A luta continua!

As Assembleias das Redes Estadual, realizada no dia 24/10, e Municipal, realizada no dia 25/10, decidiram suspender a greve da categoria, num clima tenso de discussão, no confronto de posições divergentes e em acusações que se prolongaram nas redes sociais, como o Twitter e o Facebook. Os Núcleos e Regionais, em sua maioria, levaram indicativos de suspensão da greve (No município, somente uma das nove Regionais votou pela continuidade), numa mostra de que os profissionais entendiam que o acordo resultante da Audiência de Conciliação, apesar de não ser o que a categoria esperava, tirava o movimento do impasse em que se encontrava há semanas, sem nenhum canal de negociação aberto, por um lado, e punições sérias que ameaçavam, inclusive, o emprego das pessoas, por outro.
O acordo, onde o governo estadual e municipal firmam o compromisso de retirar as punições e, finalmente, reabrir o canal de negociações com a categoria, como vínhamos reivindicando, terá a fiscalização do Ministério Público (item 8 do acordo) e alguns pontos de pauta já firmados, como a viabilização do 1/3 da carga horária para planejamento , o processo de concretização do 1 escola para 1 matrícula (Rede Estadual), o fomento à valorização da carreira dos profissionais da Educação, incluindo a eliminação de distorções do Plano de Carreira, a redução do número de alunos por turma (Rede Municipal), entre outros. Os grupos de trabalho para essas discussões terão início em 45 dias, a partir da suspensão da greve, na Rede Municipal, e a partir da próxima semana na Rede Estadual, em data que o sindicato agendará com o secretário Risolia. O governo do Estado se comprometeu, também, a discutir o reajuste salarial para 2014, em fevereiro. A alternativa à não aceitação do acordo era voltar ao fechamento das negociações pelos governos, e à manutenção dos inquéritos administrativos por abandono de emprego, além dos cortes de pagamento, respaldados pelo TJ-RJ, mesmo antes do julgamento da legalidade da greve, pelo próprio TJ (o que esperar desse julgamento, já que o Tribunal de Justiça do Rio vem adotando, em suas decisões, a lógica dos julgamentos dos movimentos grevistas em empresas privadas, assim como os dois governos sempre fizeram).
A maioria da categoria optou por suspender a greve, a despeito do clima de muita tensão das duas Assembleias, sendo que, na Rede Municipal, houve a contagem dos votos, um a um, para que o resultado pudesse ser confirmado: Nove duplas se encarregaram da contagem, que durou cerca de 45 minutos. Cada dupla era constituída por um defensor da suspensão e outro da manutenção da greve, que contaram, juntos, os votos de um setor específico do ginásio do Clube Municipal. As nove duplas acompanharam a soma dos resultados parciais e, sem a contestação de nenhuma dessas dezoito pessoas, foi anunciada a vitória da proposta da suspensão da greve. Ainda assim, várias pessoas questionaram a decisão e abandonaram a Assembleia com acusações de todo tipo. 

O clima tenso que se instalou nas Assembleias, tanto do Estado como do Município, em função da diferença de opiniões em relação aos rumos do movimento, deve ser objeto de reflexão de todos nós. A prática democrática implica em se abrir espaço para o contraditório, especialmente num fórum de decisão do sindicato. Esse sempre foi o perfil da categoria nos movimentos de luta contra os governos. Temos que ter cuidado com a imposição do pensamento único dentro do SEPE. As divergências de opiniões amadurecem e enriquecem a discussão. Não podemos aceitar o descontrole emocional, agressões e ataques de toda a sorte entre os sujeitos e grupos que divergem. É preciso fazer a opção pelo diálogo e o respeito, como sempre foi a prática dessa categoria. A unidade do sindicato se solidifica nos seus processos democráticos de decisão. Desqualificar o sindicato, principalmente nas redes sociais, é dar um tiro que sai pela culatra (vide o depoimento do vereador Messina, representante do governo, nas redes sociais). O sentido de pertencimento ao coletivo, que vai além das posições individuais, é que tem dado força e capacidade à categoria de construir um movimento de luta tão intenso e vigoroso como este, de 2013, com o qual ensinamos e aprendemos tanto. Os ganhos e as perdas do movimento são os ganhos e as perdas de toda a categoria... Estamos juntos neste barco e somos nós que determinamos aonde ele vai chegar. Se não agirmos ao nosso favor, estaremos agindo contra nós mesmos. Os governos serão procurados, na próxima semana, para o agendamento dos primeiros encontros dos GTs. Precisamos de toda a nossa força, agora, companheiros, porque a greve acabou, mas a luta continua!

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