terça-feira, 20 de novembro de 2012

Todos ao Conselho Deliberativo do dia 24, às 10h, no auditório do SEPE!


Currículo pobre... Só para os pobres
As decisões do Conselho Nacional de Educação apontam para o fim dos cursos com currículos multidisciplinares. Não obstante, a retomada deste projeto - um curso com um desenho curricular com características multidisciplinares - se apoia, em primeiro lugar, no fim de um currículo estruturado em disciplinas na Educação Básica, tal como vem sendo proposto pelo atual Ministro da Educação. No lugar de um currículo com disciplinas, teríamos um currículo estruturado por áreas, com o objetivo de se "facilitar" a aprendizagem do estudante.
Algumas experiências, nesse sentido, vêm sendo implementadas pelo Brasil, como, por exemplo, nos "Ginásios Experimentais Cariocas", da Prefeitura do Rio de Janeiro. O atual secretário de educação do estado do Rio de Janeiro também defende esta proposta para o ensino médio. É claro que um currículo com essas características jamais será implementado em uma escola que atenda os filhos das elites brasileiras. O objetivo, obviamente não declarado, é o de implementar um currículo pobre para os pobres. Dentro dessa concepção, os cursos de licenciatura nas áreas denominadas pelo MEC de Ciências Humanas e de Ciências da Natureza, retomariam uma tendência interrompida há décadas. Voltaríamos no tempo, e as licenciaturas passariam a formar professores de Ciências da Natureza e professores de Ciências Sociais, ou seja, professores com uma formação generalista, voltados para lecionar em escolas com currículos com o mínimo de conteúdos científicos, ou quase nenhum, em outras palavras.
As reduções operadas na carga horária de currículos da educação básica apontam para esse caminho, lamentavelmente. Num momento em que a sociedade clama pela educação integral, a SEEDUC reduziu a carga horária de 30 tempos para 25 tempos semanais. A mesma medida já foi adotada pela Prefeitura do Rio de Janeiro há uma década e meia, aproximadamente. Quando o ano letivo era de 180 dias, a carga horária diária era de 6 tempos. Hoje, quando passamos para 200 dias, a carga passou a ser de 5 tempos diários. Ou seja, antes, o estudante tinha 1.080 horas/aula, hoje, 1.000 horas/aula por ano. Em uma rede que tem cerca de um milhão de matrículas, aproximadamente, você tem ideia da redução de encargos e salários que isso proporciona?
Esta é apenas uma das razões para o retorno da proposta de um currículo multidisciplinar voltado para a formação de professores generalistas nas licenciaturas. Cabe ressaltar que essa proposta não se confunde, nem substitui, mas, ao contrário, se opõe à proposta de um currículo interdisciplinar. É importante afirmar que a interdisciplinaridade não acaba com a disciplinaridade, ao contrário, ela pressupõe a disciplinaridade. Um desenho curricular interdisciplinar parte da constatação de que, embora as ciências, com os avanços das pesquisas, caminhem para uma especialização cada vez maior, é absolutamente imprescindível a construção de um currículo que possibilite o diálogo entre as ciências. Há várias propostas pedagógicas nesse sentido. Mas a pedagogia é uma ciência que os governos, em todas as esferas, cada vez mais desqualificam e está ausente dos projetos educacionais que invadem as escolas, feitos por grandes empresas.
Todos ao Conselho Deliberativo da Rede Estadual, no dia 24, sábado, às 10h, no auditório do SEPE – Rua Evaristo da Veiga, 55 – 7ºandar

Nenhum comentário:

Postar um comentário